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O futuro do mercado audiovisual 

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Descubra como a influência da inteligência artificial, os novos players e a diversidade de conteúdo desenham o futuro do audiovisual.

Segundo o relatório “Adoção de Streaming Global 2021” do Finder , o Brasil é o segundo país que mais consome streaming no mundo. A tecnologia aterrissou por aqui pela primeira vez em 2011 com a chegada da Netflix. Desde então a democratização do audiovisual passou a ser uma realidade mais próxima para as famílias brasileiras. Com uma mudança cultural tão relevante, é natural que diversos segmentos fiquem de olho no futuro do mercado audiovisual, já que as mudanças no setor prometem ser tão disruptivas quanto o fim das locadoras.

 O fim da greve dos roteiristas de Hollywood e seus resultados. 

greve dos roteiristas futuro audiovisual

Depois de seis meses, os roteiristas finalmente chegaram a um acordo com os grandes estúdios e terminaram a greve. No geral, o acordo parece ter atingido um meio-termo justo, quando falamos sobre remuneração, e uma vantagem para os roteiristas quando o assunto é o uso da inteligência Artificial.

Em relação à remuneração, o acordo prevê que o cálculo de margem residual repassado para os roteiristas passe por uma adaptação mais coerente para o modelo de distribuição por streaming. Antes, com a TV comum era mais fácil controlar quantas vezes um programa tinha sido exibido. No streaming, as plataformas se recusam a compartilhar abertamente esses dados por questões de segurança do modelo de negócio. Nesse sentido, daqui em diante, o sindicato será a ponte para auditar a quantidade de exibições, tentando garantir uma remuneração mais coerente com a quantidade de visualizações para os roteiristas.

Outra conquista importante está atrelada a “sala de roteiristas”. O novo acordo garante  no mínimo três roteiristas para as séries com até seis episódios e seis roteiristas para programas de 13 ou mais episódios. Essa reivindicação era importante para os escritores, pois em uma era em que as produções são cada vez mais curtas, a conquista traz maior estabilidade para os trabalhadores que alegavam precisar emendar um trabalho no outro para se sustentar.

Quanto ao acordo envolvendo a IA, o sindicato defendia que essa era uma greve sobre a sobrevivência da profissão roteirista. Eles temiam que as produções textuais feitas pela IA pudessem ser consideradas material de base para produção de roteiro. O acordo definiu que daqui em diante o uso da IA só será válido como ferramenta do próprio roteirista, para aprimoramento. Ou seja, os estúdios e produtoras terão a usabilidade limitada da IA quando o assunto for produção, sendo que essa escolha partirá do roteirista.

Possíveis cenários para quem paga a conta

quem paga a conta pós greve dos roteiristas

Essa é sem dúvidas uma das equações mais delicadas para os estúdios. O segmento, que já está passando por desafios financeiros – a Warner Bros, por exemplo, fechou o ano de 2022, com uma dívida de R$ 280 bilhões – ainda terá que arcar com os reajustes previstos após os acordos para o fim da greve e repensar suas superproduções. Veja alguns dos possíveis cenários apontados por especialistas para os grandes estúdios e o futuro do audiovisual:  

1. Investir em conteúdo diverso

representatividade audiovisual

Nesse sentido, alguns anúncios da Netflix já apontam para um serviço de streaming mais caro nos próximos meses. Junto ao anúncio, a plataforma está adicionando a transmissão de esportes ao vivo e testando a transmissão de notícias durante a programação.

Do lado dos grandes estúdios, a Disney também está tomando algumas medidas. O movimento de compra do canal de Hulu, pretende trazer maior capilaridade e retenção de assinantes para a plataforma. Primeiro porque respalda a Disney com mais títulos de “entretenimento geral” e menor custo, o que amplia as parcerias publicitárias fora do ambiente “family friendly”. Além disso, a adesão vem em um momento em que os estúdios percebem que muitas das suas grandes franquias começaram a ficar supersaturadas, o que explica que muitas séries de sucesso do SVOD (Vídeo sob demanda por assinatura) da Disney vieram do HULU. Ou seja, as estratégias apontam para a importância da diversidade de conteúdo dentro do ecossistema dos VODs de uma empresa.

2. Um futuro de disrupção e adaptabilidade para o audiovisual

mulheres no audiovisual

A principal aposta aqui é que a IA tenha o potencial de reduzir custos da produção audiovisual em diversas frentes. Desde a otimização de tempo na produção de roteiro, passando pela atuação de “atores avatares digitalizados”, até a edição das produções, que poderá ser feita por computadores. Todas essas promessas, no cenário de alta competição do streaming, criam uma tensão no mercado.

Aswath Damodaran é um professor de finanças da Stern School of Business, na Universidade de New York e compartilhou em seu canal no Youtube uma análise sobre o atual momento do audiovisual e o que ele imagina para o futuro. Com base na disrupção que aconteceu com o mundo da música, com a chegada do spotif, Aswath argumenta que a tendência é o caminho do meio.

Para os grandes estúdios como Disney e Warner Bros, será necessário aproveitar o conhecimento e qualidade técnica acumulada durante os anos como trunfo para permanecer no jogo. Para isso, estratégias de inovação que incluam tecnologias disruptivas dos novos players, Netflix e Amazon, serão inseridas no negócio.

Já as produtoras consideradas disruptivas, como Netflix e Amazon, se beneficiam pelo alto grau de adaptabilidade e maior consistência nos resultados financeiros dos últimos anos. Nesse sentido, pavimentam o caminho para menores produtores de conteúdo ascenderem.

3. A influência do TikTok, YouTube e o papel da Gen Z

Tiktok youtube o o audiovisual

Uma das mudanças com a chegada no streaming é o poder de decisão nas mãos dos espectadores. Nesse sentindo, TikTok e YouTube entram como mais um concorrente na distribuição de conteúdo.

Conforme o TikTok Marketing Science Global Entertainment Study de dezembro de 2021, quase um quarto (23%) dos usuários do TikTok têm mais probabilidade de descobrir conteúdo de entretenimento em plataformas sociais e de vídeo do que em outro lugar.

Atentos a tendência, no mês de outubro(2023) a Paramount carregou o filme “Meninas Malvadas”, no TikTok em 23 partes. A intenção é fisgar a audiência das gerações mais jovens que buscam entretenimento nos ambientes virtuais. 

Já o YouTube é uma das plataformas mais promissoras quando o assunto é produção independente e intencionalidade do consumidor. Uma pesquisa recente da equipe Google apontou para o comportamento proposital dos usuários no YT quando acessam a plataforma. Além disso, é no YouTube que os produtores independentes encontram espaço para ascender no mercado audiovisual.

Produtores independentes e audiências digitais

issa rae produção audiovisual independente

O trabalho da produtora, diretora e atriz Issa Rae ilustra uma das maiores oportunidades do mercado audiovisual. De olho na ascensão de plataformas como YouTube, em 2011 Issa iniciou suas produções na plataforma com a série, “The Misadventures of Awkward Black Girl”. Em 10 anos, a série atingiu mais de 9 milhões de visualizações. O sucesso foi tamanho que em 2015 Issa recebeu um convite da HBO para produzir a série, “Insecure”, graças a grande audiência engajada e as histórias contadas por um ponto de vista original e autêntico. 

“Eu assisti esse show quando eu estava na 8 série, agora estou na faculdade… E ela agora está na HBO… Eu amo dela desde sempre!” –

Comentário de uma fã, Mayah D., no Youtube

Como surfar nas mudanças do mercado de entretenimento

Devido à rápida evolução do mercado e à crescente diversificação, mesmo a consultoria Deloitte assume que é difícil fazer previsões de longo prazo sobre o futuro da indústria de TV e vídeo.

Para eles, os fatores determinantes serão a digitalização, que está mudando fundamentalmente os processos de produção e distribuição de conteúdo; a publicidade, que está se tornando mais personalizada e a regulamentação de mercado, que será mais moderada, com ênfase na neutralidade de rede. 

Com base nesse cenário, separamos 3 dicas para você começar também sua produção independente e surfar nas mudanças do mercado de entretenimento:

1. Branding e Marketing digital: Fortaleça sua comunidade online

Encontre comunidades de nicho online e se envolva autenticamente com elas através da sua voz. O Instagram e o YouTube é um ótimo canal para compartilhar seu conteúdo e construir essa relação. Essa conexão será importante para garantir audiência para as suas produções. 

2. Produção coletiva: viabilizando suas ideias

Considere a produção colaborativa uma saída para iniciar suas produções. Conecte-se a pessoas que compartilham interesses semelhantes e que te ajudem a explorar a sua narrativa por olhares mais diversos. Colaborações com outros cineastas, artistas e organizações irá expandir o seu conhecimento e o alcance da sua produção.

3. Crie narrativas autênticas: personagens complexos, inovação, estética e apelo social

Em um mundo em que a inteligência artificial já desempenha um papel de pasteurização no entretenimento, o que irá diferenciar sua produção será um conjunto de fatores que juntos a tornará única. Ressalte a subjetividade humana dos seus personagens construindo o pano de fundo da sua história com aspectos que exaltam, conexão emocional humana, saúde mental e causas sociais, por exemplo. Além disso, considere inovações da forma de filmar, busque estéticas ainda não exploradas e temas sociais relevantes para sua audiência.

Então, com tantos novos players e as possibilidades das inovações trazidas pela IA, acreditamos que o futuro do mercado audiovisual aponte para um ambiente com mais produções de menor custo e maior diversidade. Por isso, considerar alianças com creators (criadores de conteúdo) que já possuem uma audiência consolidada no digital e investir em diversidade de conteúdos será fundamental para permanecer competitivo no mercado.

Beijos da Be.

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