Genuinfluencers são criadores de conteúdo online que anunciam uma das possibilidades para as mídias sociais do futuro. Comprometidos com provocar ideias, eles querem o debate e não as certezas. Conheça detalhes.
Aposto que você conhece, ou conhece alguém que conhece um influencer. Segundo uma reportagem da revista HSM, 10% da população brasileira é influencer. São 20 milhões de influenciadores dispostos a indicar produtos, mostrar a rotina ou apenas compartilhar conhecimentos e ideias. Esse último grupo representa os genuinfluencers. Pessoas que estão mais interessadas na liberdade de expressão das redes e a troca de ideias ofertada pelo mundo globalizado.
Segundo a Statista, empresa de coleta de dados, o mercado global de influencers mais do que triplicou desde 2019 e a estimativa de movimentação para 2024 é de 24 bilhões de dólares. Mas, como todo mercado, esse também sofre mudanças e os genuinfluencers indicam que serão os novos protagonistas por trás dessas cifras milionárias. E como no ambiente digital tudo acontece na velocidade de um clique, quem não estiver atento a tendência vai ficar para trás.
Como nasce um genuinfluencer?
Resultado da pandemia de COVID-19 em 2020, o termo foi criado pela consultoria WGSN em 2021 e três anos depois está estabelecido na rotina de quem trabalha como criador de conteúdo.
Naquela época, a urgência de informação desencadeou um ambiente digital saturado, que oferecia informações que muitas vezes não eram verdadeiras. Nesse contexto, posicionamentos políticos e sociais de pessoas genuínas que compartilhavam informações sólidas ganharam espaço. Daí em diante, não tem como andar para trás, a população e os próprios criadores de conteúdo perceberam o quanto a desinformação nas redes pode ser prejudicial e o quanto em um momento de crise é importante ter em quem confiar como fonte de informação ou ao menos que apresente “verdades” dentro de valores que vão ao encontro do seu. Por isso, zelar por um discurso genuíno passou a ser obrigação.
Assim, a geração de genuinfluencers ganha força, pois encoraja um movimento de pessoas que desejam usar a mídia social como um meio para compartilhar informações, debater ideias e refletir sobre temas complexos ao invés de apenas tomar um lado ou outro (seria esse um movimento de volta ao início dos anos 2000?). Nesse sentido, com uma personalidade política ativa os genuinfluencers negam o rótulo de influencers e preferem o termo, Though provoker (provocador de pensamentos), para se autointitularem online.
Com quantas qualidades se faz um genuinfluencer
Uma das características que mais diferencia um genuinfluencer é que o foco não está em promover produtos. Muito além de vender algo, a proposta desse influenciador é realizar uma curadoria do que existe por aí sobre determinado tema e colocar na mesa para construção coletiva. Acompanhe os principais aspectos dessa personalidade.
1. Informação vs sabedoria
Na rotina de um genuinfluencer o que guia é realmente a vontade de compartilhar não só informação sobre algo, mas promover sabedoria junto a comunidade. Eles fogem da simplicidade de informações que abrem um campo de batalha entre herói e vilão, para compartilhar conhecimento que incite o debate. Nesse sentido, o genuinfluencer mune sua comunidade com sabedoria para que cada um construa seu pensamento.
Na pandemia esse modelo ficou evidente, com genuinfluencers fornecendo informações-chave sobre questões de prevenção, saúde e participando de conversas culturais importantes.
2. Didática e propósito educacional
Ainda sobre o conteúdo, uma das motivações do genuinfluencer é ampliar o acesso das pessoas comuns a temas mais técnicos, traduzindo informações complexas, que normalmente são segmentadas para um público seleto. Assim, cumprem um propósito educacional, que acredita no poder do conhecimento com ferramenta de transformação social.
Para marcas, essa característica é especialmente relevante, pois se baseia em dispôr de uma comunidade com interesses em comum mais do que apenas empurrar uma enxurrada de conteúdo que não conversa com a marca.
3. Qualidade é maior do que quantidade
Outro ponto importante é que nesses perfis, nem sempre o número de seguidores será alto. Por outro lado, o engajamento com a comunidade é genuíno e garantido. Essas pessoas fazem questão de estimular interações orgânicas com a rede, trocar conhecimento e prezar pela qualidade de quem permanece para construir ideias. Da mesma forma, acontece com o conteúdo. Não espere uma enxurrada de stories documentando cada passo do dia, esses perfis prezam por aparições planejadas e intencionais.
Segundo a Vogue Business, pessoas com menos seguidores devem ser o foco das marcas que desejam investir nos genuinfluencers, pois para eles é mais simples manter um conteúdo fiel à autenticidade própria.
4. Posicionamento bem definido
Por fim, não incitar uma disputa de narrativas entre moçinho e bandido não significa que o genuinfluencer não tem posicionamento. Pelo contrário, enquanto propõe temas que devem ser debatidos, esses provocadores de ideias simultaneamente compartilham sua visão de mundo. Além disso, é comum dos genuinfluencers falarem com o silêncio. Ou seja, eles sabem que não precisam ter opinião sobre tudo, dado a responsabilidade que existe em opinar sobre algo.
- Leia também: Você não precisa ter opinião sobre tudo
A publi do Genuinfluencer
Não há como ignorar a importância e influência que um criador de conteúdo implica em nossas escolhas diárias e a publicidade sabe disso. Seja com ideias, conhecimento, indicações de compras, as campanhas com influencers estão presentes na nossa rotina de consumo. Para as marcas, ela visa aumentar o tráfego no site ou perfil da empresa, aumentar a conscientização da marca, construir imagem de marca, aumentar o engajamento e gerar mais vendas. Confira alguns exemplos de genuinfluencers.
- Martha Gabriel: Executiva, escritora, palestrante e referência em negócios e inovação, Martha compartilha informações, estudos e propõe diversos debates sobre tecnologia. Desde a ascensão da inteligência artificial tem se envolvido em tópicos que envolvem o avanço da tecnologia na rotina da população.
- Johanna Stein: Empreendedora e ex-modelo, Johanna compartilha um estilo de vida discreto e incentiva a leitura como meio de transformação. Mesmo com poucos seguidores, é uma das poucas brasileiras patrocinadas pela Chanel, promovendo aparições dos produtos tão discretas quanto o restante das intervenções.
- Ana Beatriz Barbosa: Psiquiatra, escritora, palestrante, Ana fala sobre saúde mental de forma acessível para sua comunidade. Abordando temas de apelo popular como o consumismo, ela defende que uma relação mais saudável com as redes sociais está em nossas mãos.
- Thallita Xavier: Palhaça, atriz, preta e cozinheira, Thallita compartilha receitas nutritivas e veganas com a sua comunidade. Por meio de uma narrativa única, ela aproveita os vídeos para transmitir conhecimento sobre a importância de uma alimentação equilibrada e como cozinhar pode ser um ato político. Recentemente, em uma parceria com o ministério da fazenda, Thallita usou suas receitas para informar sobre as possibilidades do programa “desenrola” do governo federal.
É storytelling puro
Nesse movimento de valorização de criadores de conteúdo, as propagandas irão se tornar cada vez mais histórias contadas para criar uma comunicação mais próxima com o público e menos apelativa, como costumavam ser.
Nessas histórias, os personagens são fonte segura de informação e abordam temas como injustiça racial, direitos LGBTQIA+, saúde mental e dilemas sociais relacionados ao avanço tecnológico. Os genuinfluencers criam pontes para atravessar a crise do fim das redes sociais que nos levará até a mídia social do futuro.
Beijos da Be.