No momento você está vendo Diversidade: 5 formas de colaborar para um mundo multicultural

Diversidade: 5 formas de colaborar para um mundo multicultural

  • Post category:Branding

Incluir a diversidade como valor sua empresa é um comportamento de quem sabe que inclusão já é o presente. Confira como promover ações que vão tornar a sua empresa mais diversa.

Apenas 10% dos donos de agências de publicidade são negros, segundo estudo Publicidade Inclusiva: Censo de Diversidade das Agências Brasileiras(2023). No audiovisual, o estudo “Where we are on TV” da Aliança de Gays e Lésbicas Contra a Difamação (GLAAD) constatou que apenas 11,9% dos personagens fixos das séries  se identificavam como um membro da comunidade LGBTQIA+. A falta de profissionais e líderes diversos dificulta a representatividade em vários mercados, é preciso abraçar esse desafio e encontrar maneiras de incluir diversidade em sua empresa.

Tanto agências de publicidade, quanto produtoras audiovisuais tem um papel relevante e reconhecido em alertar tendências e influenciar comportamentos sociais de forma mais subjetiva. Já microempresas, tem o poder de materializar essas transformações, visto que são responsáveis por 73% dos registros de empresa do país e geraram 80% das novas vagas de emprego em 2022, segundo o Sebrae.

Ou seja, não importa qual o seu negócio, é necessário  colaborar para uma nova realidade  multicultural. Acompanhe algumas dicas de como fazer isso.

Storytelling


Seja na sua produção audiovisual ou em ações com seus colaboradores, dividir histórias reais sobre diversidade cria união e é uma forma de atingir uma audiência global, já que parte dos desafios sociais que enfrentamos atingem a todos os humanos. A criadora do movimento #metoo, Tarana Burke, conta que o storytelling foi um dos pilares para o sucesso da iniciativa. Para ela, dividir as histórias das mulheres que foram abusadas facilitou o reconhecimento das dores entre as pessoas que sofreram abuso e a comunidade. Assim, criar um espaço seguro para exibir a vítima é a base de um ingrediente importante, a empatia, que gera ações para a mudança.

Do mesmo modo, percebemos que no audiovisual as histórias mais antigas contadas sobre diversidade tinham a tendência de representar narrativas de superação, diretamente ligadas a realidade dessas comunidades. Exemplo, um filme com gays, continha a narrativa sobre “ser gay”.

Atualmente, observamos que a normalização de histórias diversas também abre espaço para roteiros comuns a todos, que não precisam necessariamente levantar questões de gênero ou de orientação sexual, já que o lugar ocupado por aquela pessoa fala por si. Aqui, o protagonista gay pode ser a história de esportista de alta performance, por exemplo.

Ações afirmativas


“O storytelling que muda o mundo, se faz na prática”

– José Andrés

José Andrés é um cozinheiro que usa sua cozinha como meio para combater a fome no mundo e, de maneira muito simples, defende que é preciso se comprometer com ações para colher transformações. Por isso, as ações afirmativas, para acelerar a participação de populações excluídas durante o crescimento do país, são fundamentais. Essas ações podem incluir processos seletivos mais inclusivos. Como, por exemplo, a iniciativa do Magazine Luiza que teve um processo de trainee destinado apenas para pessoas negras, como forma de diminuir a disparidade racial dos colaboradores da empresa.

Além disso, é possível também investir em atividades envolvendo a comunidade. Em comunidade trocamos aprendizados, melhoramos processos e fortalecemos os projetos por meio do sentimento de pertencimento. É o caso da empresa BASF, que se uniu a Sociedade Rosas de Ouro para falar sobre antirracismo no carnaval 2023 de São Paulo.

Assim, abrir espaço para diversidade para que os próprios representantes tenham controle da narrativa sobre eles é uma forma ativa de promover essas ações afirmativas.

Além disso, empresas mais diversas apresentam melhores resultados. Um estudo da McKinsey(2020), Diversity wins: How inclusion matters, mostra que times com mais de 30% das posições executivas ocupadas por mulheres têm mais chance de apresentar melhor desemprenho financeiro quando comparados a times com menor diversidade de gênero.

Conhecimento

Além da inclusão, é preciso compartilhar conhecimento diverso por meio de palestras e atividades que incluam multiculturalidade. Educação de gênero e educação racial ainda são um privilégio e por isso, tanto empresas quanto roteiristas precisam entender que incluir esse conhecimento é uma forma de embasar essas discussões e tirar a responsabilidade de educar do indivíduo afetado. Exemplo, esperar que mulheres negras expliquem diariamente para colegas homens como o racismo e o machismo as afeta.

Além disso, melhor do que ajudar quando uma tragédia acontece, é criar ações para prevenir os ocorridos. Como empresa, é necessário financiar projetos constantes para o debate e mobilização em relação aos temas e para isso, tirá-los da categoria “tema político” e ressignificar como “tema humano”.

Atenção ao escolher seus parceiros de negócio

Levantar uma bandeira social precisa de compromisso genuíno e por isso é fundamental estender os cuidados também com quem você faz negócios. Afinal, mediante uma situação errada de trabalho escravo ou racismo, por exemplo, não é mais aceitável alegar que o funcionário em questão “era terceirizado”.

O ocorrido no festival Lollapalooza em São Paulo é um exemplo desse tópico. O festival contratou uma empresa terceirizada para realizar serviços de montagem, limpeza e organização em que os trabalhadores estavam submetidos a condições de trabalho escravo. Além disso, prezar por uma cadeia de produção limpa e com prestadores de serviço comprometidos com diversidade irá potencializar o poder de impacto do seu negócio na sociedade.

ESG

Nenhuma ação vem sozinha. O ESG é um critério de boas práticas de governança ambiental, social e corporativa em uma empresa que mede sua sustentabilidade e seu impacto social. O termo surgiu no mercado financeiro para medir o impacto que as ações de sustentabilidade geram nos resultados das empresas tornando-as mais interessantes para investidores.

Se no passado uma empresa deveria estar focada no seu crescimento e na sua lucratividade, hoje elas têm um papel muito maior. Empresas com departamentos de ESG bem estruturados, por exemplo, chamam atenção do mercado. Elas apresentam orçamento próprio e planejamento robusto, envolvendo desde os colaboradores até a comunidade. Ou seja, a época que voluntariado bastava, acabou.

E os números provam o benefício de investir nessas práticas também para o posicionamento da empresa frente ao mercado. Uma análise feita pela McKinsey(2019) aponta que empresas que adotam práticas ESG também tiveram um impacto positivo nos retornos das ações em 63% do tempo, o que afeta diretamente na compra e venda dessas empresas.

E quando a ação não dá certo?

O caso da cerveja Bud Light em Abril(2023) demonstra que aderir a uma causa não é garantia de sucesso e alguns fatores precisam ser considerados.

A cervejaria com a intenção de alavancar a marca em grandes centros urbanos, lançou uma campanha inclusiva utilizando como garota propaganda uma mulher transgênero. O resultado da campanha foi super negativo, os clientes fieis da Bud Light incentivaram um boicote a cerveja resultando em queda nas vendas, nas ações e demissão dos executivos. As vendas da marca caíram 25% nos EUA.

A base de clientes da Bud Light era composta majoritariamente por pessoas conservadoras com identidade mais associada a nostalgia americana do que a justiça social. O que fez a campanha parecer oportunista e repentina demais.

Isso não significa que a Bud Light está proibida de aderir a campanhas envolvendo diversidade. Mas sim que é preciso encontrar caminhos mais coerentes e seguros. Uma opção é ser mais cauteloso antes de lançar a campanha, envolver o público gradualmente nos questionamentos sobre gênero e medir as reações por algum tempo.

No caso de repercussão negativa, alguns especialistas defendem também que a empresa não soube se posicionar diante da crise. Por isso, ao invés de retroceder no posicionamento, como fizeram, ainda que desagradasse seu público, a empresa deveria ter sustentado sua opinião e quem sabe conquistado o lado oposto.

Ter retirado a bandeira diversidade não deu a eles o apoio do púbico conversador novamente, e provocou rejeição do público LGBTQIA+.

Enquanto isso em Cannes

A AB InBev parece ter adotado um tom conciliador em relação à campanha da Bud Light. Durante a premiação, o CMO da companhia disse que a empresa não irá renunciar ser uma “cerveja para todos”.

Entre erros e acertos a AB InBev se tornou a anunciante do ano pelo segundo ano consecutivo em Cannes e responsabiliza a sua transformação criativa pelo feito. Baseadas em ideias que querem resolver problemas reais a AB InBev exalta a forma com que envolve o time para abraçar uma cultura que mistura ambição e humildade para aprender sempre.

Do mesmo modo, a organização do festival está preocupada com a diversidade dos jurados, que no ano passado apresentou uma mesa sem diversidade racial. Neste ano, Cannes Lions incluiu seis profissionais negros entre os brasileiros que avaliaram as shortlists.

Além disso, diversas peças publicitárias premiadas abordaram temas de igualidade de gênero e racial. Como, por exemplo, o comercial da Dove que fala sobre padrões estéticos tóxicos que afeta mulheres.

Diversidade já é realidade

Mulheres, gays, lésbicas, negros, transgêneros, a diversidade já existe!

Então, precisamos concentrar nossos esforços em construir maneiras seguras para incluir essas pessoas de forma igualitária e justa em todos os espaços sociais. Seja começando por ações educacionais ou grandes campanhas é preciso se movimentar.

Beijos da Be.

Você também pode gostar

3 dicas para um roteiro de sucesso

De volta ao futhttps://becontentoficial.com/2023/05/23/o-que-esta-por-tras-da-volta-dos-anos-80-e-90/uro

Deixe um comentário