Descubra como seu arquétipo influencia na hora de escolher a melhor fantasia de Carnaval para se vestir de si.
Alguns amam, outros odeiam, tem quem só se interesse pelos dias de folga, outros vão aproveitar cada segundo de festa. Seja como for, o Carnaval não passa batido. Brasileiro cresce organizando o ano em torno dessa data. Antes dele, pode tudo, depois dele, existem planos. Nele, é permitido se permitir, depois dele, é necessário considerar. Seguido pela quaresma, celebração da igreja católica, os quarenta dias de privação são cirúrgicos e feitos na medida para equilibrar os exageros da celebração. Se no carnaval a gente peca pelo excesso, na quaresma, cortamos o açúcar, o álcool, o pão, etc. Investimos em personas para impulsionar o início do ano “de verdade”, mas até a quarta-feira de cinzas, quem manda é a liberdade. No Carnaval, a festa da carne, a melhor fantasia é se vestir de si.
A origem do Carnaval contada pela Arte
A ligação da data com a quaresma não é exatamente por acaso. Nos países católicos, a quaresma dava o início de um longo período de penitência e o carnaval funcionava como uma festa de despedida dos prazeres da carne.
“A luta entre o carnaval e a quaresma”, de Pieter Brugel, o Velho (1559)
Na pintura essa dualidade é colocada lado a lado. A obra atravessa gerações para nos contar os questionamentos sociais já presentes naquela época e que, de certa forma, pode-se dizer que continuam atuais. Por exemplo, de um lado da tela temos o carnaval, livre de pudores, com nobres, pobres e leprosos celebrando juntos, contrastando com o lado direito, onde as pessoas vestem suas fantasias de civilidade e bons costumes, indo à igreja, dando esmola aos pobres etc.
Além disso, existem indícios da celebração muito mais antigos. No Egito, Grécia, Mesopotâmia, China e Índia existiam festividades para comemorar o equinócio de primavera, ou seja, o fim do inverno. A nova estação vinha anunciar bons ventos para agricultura e assim, mais comida para nossos ancestrais.
Já perceberam que toda festa tem origem na oferta de comida? Foi assim com o Natal.
Entrudo no Rio de Janeiro Jean-Baptiste Debret, 1823
No Brasil, o carnaval chega com os portugueses com o nome de “entrudo”. Já nas primeiras celebrações, mesmo com o esforço dos colonizadores de replicar os bailes de máscara de Vezena, o que vingou por aqui foi uma comemoração com repleta de brincadeiras na rua onde as pessoas jogavam água, farinha e outras coisas uma nas outras. Assim, repreendido pela igreja católica e mais popular entre os povos escravizados, em 1850 o “Entrudo” foi proibido no Brasil.
Baile de máscara de Veneza
Enquanto isso, na Europa, uma das celebrações mais populares no carnaval eram os bailes de Máscara. Na mesma onda do Carnaval onde pode tudo, a intenção dos bailes de máscaras era justamente permitir que os papéis sociais fossem flexibilizados e que pessoas pudessem se despir de pudor para fazerem aquilo que quisessem. Em Veneza, os indivíduos eram anônimos por uma noite, e mesmo de classes distintas, poderiam ser iguais em uma festa. Um ótimo cenário para nascer aquela história de amor entre princesa e plebeu.
De volta ao Brasil, estudiosos consagram o museólogo e carnavalesco Clóvis Bornay como o responsável por trazer as inspirações dos bailes de máscara de Veneza e mistura as comemorações brasileiras para popularizar as fantasias de carnaval. Foi ele que, com muito brilho, extravagância e plumas, idealizou o Baile de Gala do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, em 1937. Sua energia criativa repleta de cores permanece na festa até os dias de hoje.
As máscaras dos bailes de Veneza e os arquétipos
A pintura “Carnaval em madureira” de Tarsila do Amaral 1924 – marca o momento de volta do carnaval para as ruas, para o povo e na forma que mais conhecemos atualmente. Nele, são as fantasias que dão o tom da festa e abrem um leque de possibilidades para diversão. Há quem diga que são as fantasias de Carnaval são a chance de se vestir de si, ou daquilo que desejamos ser no nosso íntimo. Você já escolheu a sua?
Há quem diga que são as fantasias de Carnaval que nos dão a chance de nos vestirmos de nós mesmos, ou daquilo que desejamos ser no nosso íntimo. Você já escolheu a sua?
- Leia também: Arquétipos escolha um para chamar de seu
Seu arquétipo de carnaval
Contudo, se vestir de si é um processo diário e consistente de conversa consigo e não acontece apenas em fevereiro. Entender onde mora a autenticidade, reconhecer suas motivações, fortalezas e fraquezas são o pontapé inicial na jornada de autoconhecimento e a escolha da sua fantasia diz muito sobre tudo isso. Confira abaixo as sugestões de fantasia da Be para o seu arquétipo.
1. O inocente
Se o seu objetivo para este Carnaval é ser feliz e inspirar o otimismo nas pessoas, o Unicórnio, Anjo, Ursinhos Carinhosos, Dorothy, Princesas Disney ou qualquer personagem infantilizado entregarão atributos como honestidade e segurança para os foliões ao seu redor
2. O mago
Quer passar aquela aura de mística, empoderada e fazer sonhos acontecerem neste carnaval? Escolha fantasias como a de cigana, mágico, bruxa e fascine os foliões com seus mistérios.
3. Rebelde
Vai pular Carnaval pensando em se libertar das amarras sociais? As fantasias de mafiosa, pirata, Robin Hood e motoqueiro representam esse comportamento combativo e comprometido com a disrupção que estará pronto para revolucionar a festa.
4. Criador
Se você escolheu exaltar a autoexpressão e originalidade, misture tudo que brilha disponível no seu guarda-roupa, gliter, neon e lantejoula ou escolha personagens como pintor, sininho, músicos e inspire outras pessoas a se expressarem artisticamente.
5. Cuidador
Se você é daqueles personagens que protegem os amigos durante a folia, está sempre disposto a dizer palavras carinhosas, acalmar e incentivar, invista em fantasias como Cinderela, nobel da paz, freira, enfermeira.
6. Indivíduo comum
Se você é aquele folião que gosta de se sentir parte da galera, então escolha aquela fantasia de duplinha, conversando com o seu amigo ou opte por algum personagem como os Simpsons, Mario Bros ou vá vestido de pizza ou cerveja e faça parte desta grande família.
7. Herói
Se a vibe é encorajar o grupo a vencer o calor e continuar na festa, escolha as fantasias de heróis como mulher maravilha, tartarugas ninjas, Thor e seja um dos inimigos do fim!
8. Sábio
Se você escolheu a fantasia de professor, cientista ou mestre Yoda, guiará o grupo para a próxima festa ou para casa, se for o caso.
9. Bobo da Corte
Vai abusar do tom brincalhão e amoroso? Espalhando mensagens do tipo “A minha fantasia era te ter um dia”. Desbrave o mundo das fantasias que compartilham mensagens inusitadas que farão todo mundo rir. Ou seja literalmente o bobo da corte.
10. Explorador
Se você quer liberdade para explorar novas aventuras neste Carnaval, escolha personagens como Moana, Ariel ou Indiana Jones e parta para sua jornada de 5 dias sem medo do próximo bloco.
11. Amante
Se você é do tipo que gosta de arrasar corações e paquerar muito, invista em fantasias sexys e deslumbrantes. Escolha peças vermelhas e sedutoras do seu guarda-roupa e aposte na diabinha, oncinha, melindrosa ou em personagens como Marylin Moroe e Vivian Ward de “uma linda mulher”. .
12. Governante
Por fim, se você curte Carnaval, mas não é de se misturar com a galera, abuse de fantasias glamurosas que deem a impressão de ostentar, riqueza e poder, assim como Anitta, Beyoncé ou vá de Juiz, Policial.
A primeira marcha de Carnaval
Não existe Carnaval sem uma boa música. Animada, dançante e alegre, as marchas de carnaval também são músicas de luta. A primeira marcha carnavalesca foi composta em meados de 1890-99 por Chiquinha Gonzaga. “Ô Abre Alas” é um clássico e carrega uma letra que pode facilmente ser entoada pelas mulheres do século 21. O abre alas que nós vamos passar!
A canção foi feita para o Cordão Rosas de Ouro do bairro do Andaraí, na zona norte do Rio de Janeiro, onde Chiquinha morava. Ela tinha 50 anos quando fez a música, que resultou na vitória do Cordão no carnaval. Era comum, naquele tempo, os cordões entoarem versos que anunciavam sua passagem, e a marcha de Chiquinha antecipou um gênero que só veio a se firmar duas décadas após. Entre os anos 1901 e 1910 foi grande sucesso nos carnavais, tornando-se símbolo do carnaval carioca.
Como marcas mudaram o tom sobre carnaval
Com o passar dos anos, quem também está se atentando ao lado político do Carnaval são as marcas. Se antigamente os comerciais eram recheados de estereótipos machistas e preconceituosos sobre a festa, agora as marcas aderiram ao modelo de marketing com propósito e nos contam histórias recheadas de reflexão e informação. Acompanhe.
- Brahma: A marca de cerveja mais famosa do Brasil abandonou o tom sexual e bohemio da festa para relembrar seus consumidores de que o Carnaval é acima de tudo a chance de exaltar seu lado mais autentico. O storytelling ressoa com o conceito principal da festa durante os anos, pois chama a todos para celebração em comunidade.
- Globo: A tão tradiconal Globeleza foi aposentada e deu lugar para um comercial que exalta a diversidade da música popular brasileira. Somado a isso, a marca encontrou uma forma de ilustrar a figura feminina com sensibilidade e reflexão apresentando duas gerações de cantoras que são a cara do Carnaval.
- Mercado Pago: A marca aproveitou a figura emblemática e popular de Gil do Vigor e seu bordão, Brasil, para anunciar as vantagens do cartão com toda a animação possível em um bloco de carnaval. A narrativa pretende popularizar termos envolvendo investimento e vida financeira e para isso, nada melhor que usar a festa mais popular do Brasil como pano de fundo, não é mesmo?
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Carnaval é uma movimentação social e política
Da mesma forma que foi retratado na “A luta entre o carnaval e a quaresma” o carnaval moderno continua sendo um espaço de autoexpressão e fortalecimento da vida em comunidade. Durante o estabelecimento da festa como ritual no Brasil, o Carnaval esteve ligado aos movimentos abolicionistas, sendo um campo propício para a sociabilidade negra, depois da abolição e se mostrando até hoje um meio para as lutas culturais do movimento negro e tantas outras.
Segundo a CNN a estimativa para o Carnaval 2024 é de um aumento de 15% no faturamento de bares e restaurantes nas capitais que recebem os foliões como, Rio de Janeiro, Salvador e Recife. Só no Rio de Janeiro a movimentação financeira esperada é de R$ 4,5 bilhões na economia da cidade.
E aí, está preparado para curtir “O maior espetáculo da terra”? Conta pra gente como será o seu Carnaval e qual será a fantasia escolhida para se vestir de si.
Beijos da Be.