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Anos 80 e 90: O que está por trás da volta dessa tendência?

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A estética dos anos 80 e 90 está de volta. Presente em diversas peças de publicidade, filmes, músicas, arte, o movimento diz muito sobre a reconexão com as coisas palpáveis e reais do mundo analógico.

Não dá para negar, seja na moda, na estética dos produtos ou estratégias de comunicação de marcas, os anos 80 e 90 estão com tudo. O movimento conversa com o momento atual do marketing que, cada vez mais, precisa desenvolver suas estratégias pensando na conexão humana, real e honesta com seus clientes. Mas o que de fato fez a estética 80’s e 90’s voltar?

Busca por autenticidade

A nostalgia pode ser explicada pela busca de uma cultura mais autêntica. Que pretende se distanciar do comportamento de manada e massivo criado pelas redes sociais. Com uma estética vibrante e analógica que contrasta com a perfeição atual, a retomada dessa tendência visa despertar a memória afetiva nos mais velhos e ilustrar tais valores nos mais novos.

A singularidade humana e o resgate da conexão do mundo real são também um movimento de resposta a expansão da Inteligência Artificial. Simultaneamente, aos malefícios e toxicidades presentes no mundo digital e na falta de contato humano. Esse tema foi amplamente abordado no SXSW e a Carol Massière tem um artigo incrível falando disso a partir da visão da psicóloga Esther Perel.

O imperfeito fala com nossa humanidade. As fotos tortas, estouradas, não posadas das câmeras analógicas, que nos permitiam até 36 clicks para registrarmos um momento, estimulam nossa conexão emocional com o momento. Enquanto isso, contrapõe com as imagens perfeitas que a IA é capaz de produzir. Também uma obra de arte, montada a partir das mais de 50 selfies que você tirou do seu celular.

Materialização é maior do que digitalização

O papel é uma experiência sensorial elaborada. Materializar nossas ideias em uma folha em branco carrega um poder de cura psicológica defendido há anos por pesquisadores. Da mesma forma, dispor nossos livros em estantes, imprimir fotos e guardar objetos constrói nossa imagem perante aqueles que estão no nosso convívio.

No caso dos livros impressos e revistas, é importante destacar a experiência sensorial presente. O cheiro, o som ao virar uma página, a textura do papel, o resultado do contato entre o material com o ambiente externo e como ele é visualizado pelas pessoas. Tudo isso, constrói uma relação muito mais íntima entre o leitor e o texto.

Existe coisa melhor do que acompanhar o progresso da leitura de um livro ao perceber o marcador de páginas criando uma nova disposição visual a cada leitura?

Estudos indicam que a leitura em papel estimula a concentração e a memória, resultando na maior retenção do conteúdo lido.

O retorno da música que troca com ambiente

Outro dia, estava na casa de uma amiga e optamos por substituir a speaker pelo disco de vinil. A experiência me fez reconhecer aspectos, então perdidos, durante as trocas musicais. Desde a escolha do próximo disco, o debate sobre a estética da capa, a sequência das músicas, a troca de faixas e por fim o som mais próximo ao natural ao fundo. Tudo combinado, traz uma sensação de calmaria perfeita para instigar debates, em que não é necessário competir com o volume da música.

A magia do vinil se dá por alguns fatores. A princípio, o som mais quente e natural, sem processamento digital resulta em uma produção singular com pequenas diferenças na gravação de um vinil para outro. Isso, somado ao ritual de escolher o disco e debater sobre com o grupo, torna a experiência imersiva e destaca a humanidade presente na produção musical.

A arte que convida a reflexão

A influência também chegou no mundo da arte. Em sua última produção, o artista e gamer Tom Galle usou elementos da estética dos anos 80 e 90 para contextualizar suas críticas a relação humana com o uso de celulares.

A foto dá início ao storytelling em que Tom pretende despertar sentimentos de rebeldia e questionamentos presentes na cultura punk rock daquela época. As roupas de vinil, os metais e as fissuras da tela de vidro convidam as pessoas a sentir a intensidade do presente. Além disso, preparam a audiência para as próximas indagações pela frente.

A conexão emocional do audiovisual

O exemplo mais recente é a nova temporada da série Stranger Things. Os capítulos apresentam diversas referências da cultura pop da década de 80, como os filmes E.T. e De Volta para o Futuro e Os Caça-Fantasmas. Além de jogos de fliperama e brinquedos icônicos. Ou seja, Stranger Things incorpora esses elementos em sua narrativa para criar um universo familiar e reconhecível para os espectadores. Com isso, estabelece personalidade dos personagens junto a audiência.

A criação da nostalgia também é responsável pela conexão emocional com o telespectador que se intensifica com o clima sobrenatural do roteiro da série. Este, fundamentado em sentimentos de inocência que são consequência da menor quantidade de informação da década de 80.

Outro exemplo é o filme Air – A história por trás do Logo. O filme conta a história das negociações entre Nike e Michel Jordan para o lançamento do tênis Air Jordan. E acima de tudo, constrói uma narrativa envolvente quando explora a saga do herói.

Mas, é quando usa e abusa dos elementos dos anos 80 que Ben Affleck, diretor do longa, cria a ligação emocional do filme com o público, já que o Jordan não aparece na narrativa. A imersão começa com o figurino, passando por referências de cinema e televisão que transcendem no comportamento dos personagens. Tudo isso embalado por uma trilha sonora que reúne grandes hits do período. Impossível não se empolgar com a aura viva da década de 80, né?

O colorido que chacoalha a emoção

Se você foi em uma festa recentemente deve ter notado que o preto virou uniforme. O pretinho básico tem, sim, seu valor. Porém, algumas marcas de roupa parecem estar andando na direção contrária. Yes Brasil e Reversa, Umbro e MTv, Boticário e Bubbaloo. Sabe o que essas marcas tem em comum?

Em parceria, elas se apropriaram da estética 80’s e 90’s para relembrar o público que estão on!🔥

Desta forma, apostam em reviver emoções exaltando a energia e o alto astral que as cores intensas da época despertam no público.

A estratégia usa o status de marcas atuais somadas a credibilidade de nomes já conhecidos. Assim, encontra na autenticidade dos anos 80 e 90 a inspiração para brilhar.  Literalmente, em alguns casos.

O que dos anos 80 e 90 não pode voltar

Embora a estética dessa época tenha inúmeros aspectos incríveis para as marcas explorarem, é importante lembrar que nesta época a desigualdade de gênero e preconceitos sociais eram muito mais latentes na nossa sociedade. Bolhas rígidas eram construídas e não se comunicavam gerando muitos becos que em alguns casos viraram cultura, mas em outros infelizmente não.

Portanto, nem tudo pode ser replicado ou servir de inspiração e as conquistas das novas gerações precisam estar presentes na narrativa.

Tudo pelo contato humano

Singularidade, conexão humana, imersão, experiência sensorial, autenticidade, são alguns termos que resumem a razão pela qual a estética dos anos 80/90 está com tudo.

A Be. ama tanto essa tendência que a estética anos 80/90 foi escolhida para ser um dos aspectos que constitui o que somos. 😎🖤💡

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