Explore as tendências para 2024 em marketing, entretenimento e criatividade e descubra como a obsessão das marcas pelo cliente deverá guiar as decisões, principalmente envolvendo Inteligência Artificial. Do questionamento dos padrões sociais à revolução no streaming, descubra o que está por vir no próximo ano.
Em dezembro há quem assuma uma postura reflexiva sobre tudo que passou, há quem se sinta exausto e foge das festas para descansar e têm também aqueles que colocam as energias nas metas para o próximo ano para planejar uma rotina mais produtiva. Em qualquer um dos casos, saber as tendências de 2024 pode significar reflexões, decisões e metas mais coerentes para um ano organizado e próspero.
Por isso, dividimos com vocês a nossa pesquisa onde reunimos estudos das principais consultorias para explorar quais são as tendências de 2024 que mais apostamos para marketing, entretenimento e conteúdo criativo.
Separamos as tendências em 10 tópicos para explorarmos as principais informações dessas áreas.
1. Obsessão das marcas pelo cliente
Essa é a primeira, pois olhar para o cliente nos mínimos detalhes apareceu em toda nossa pesquisa. Assim, fica evidente a urgência de construir uma relação autêntica com o cliente priorizando a experiência dele.
A pressa se dá em razão do mundo acelerado em que vivemos. Nesse contexto, com a quantidade de informação e desinformação que temos, o consumidor não acredita mais em boas intenções.
Indicando um público atento, consciente sobre as intenções das marcas, e inteirado sobre o que está nas entrelinhas de ações de marketing. O documento da WGSN, divide o perfil do consumidor em 4 tipos:
– Reguladores
Eles estão em choque com o futuro, ansiosos com a rápida mudança tecnológica e sobrecarregados pelo excesso de dados, o que causa uma certa resistência às mudanças. Por isso, buscam ofertas objetivas e transparentes. Ainda que tenham aderido o estilo de compras online promovido pela pandemia, sem a ajuda dos vendedores, esse público precisa de uma jornada de compras sem atritos. Além disso, também buscam equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.
– Conectores
Também sentem uma sobrecarga emocional e por isso focam em uma vida fracionada, rejeitando a cultura de trabalho excessivo, redefinindo o significado de sucesso. Por isso, buscam empreender para reescrever as regras de carreira e alcançar um estilo de vida equilibrado. Como consumidores preferem menos compras com mais significado, mesmo assim valorizam o comodismo de alguns bens e serviços como programas de assinatura.
– Criadores de Memórias
Estão obstinados a criar memórias em uma realidade pós-pandemia. Com um otimismo realista, reagem com clareza diante a adversidade, buscando uma vida mais presente, investindo em tempo livre e desapegando de excessos de consumo. Buscam o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal. Em termos de estratégias de engajamento, os “Criadores de Memórias” valorizam informações detalhadas sobre sustentabilidade, autenticidade e custo por uso. Dos 4, esse grupo é o que está menos ligado ao consumo.
– Novos Sensorialistas
Chamados de “tech optimists”, esse é o grupo que irá aderir a todas as mudanças e inovações com um olhar maravilhado diante do novo. Mas não pense que eles descartam a vida real. O medo de replicar o antigo normal no pós-COVID, faz com que esse grupo busque benefícios tecnológicos para admirar o presente e reduzir a ansiedade. São eles que usarão suas carteiras digitais para pagar aquele jantar em um restaurante que oferece uma experiência extraordinária. As estratégias de engajamento incluem recompensas de lealdade e a adoção de tecnologias no mundo real similares ao metaverso.
E o que todos eles têm em comum?
Todos estão buscando algo baseado na experiência vivida na pandemia. Tanto os reguladores, quanto os conectores e criadores de memória buscam um estilo de vida diferente no pós-pandemia. Eles querem uma rotina que priorize o equilíbrio em todas as frentes da vida. Trabalho, família, bem-estar social e consumo.
A Accenture, resume essa tendência no tópico, “where is the love?” (onde está o amor). Eles ressaltam que empresas precisam encontrar o equilíbrio entre o corte de custos nas ações que envolvem a experiência do cliente, já que estas devem ser a prioridade a partir de agora. Outra questão importante é avaliar o branding da marca estrategicamente. Principalmente no que diz respeito à experiência do cliente (User expirience ou UX) em todos os pontos de contato, já que o engajamento está diretamente atrelado a autenticidade desta relação.
2. Inteligência Artificial
O frenesi com a Inteligência Artificial vai continuar inundando nossos dias. As ferramentas de IA serão as principais aliadas para direcionar os esforços para cada tipo de cliente mencionado acima.
Por meio da IA, as marcas compreenderão melhor com quem estão falando e usarão essa compreensão para criar produtos, personalizar experiências, desde recomendação de conteúdo até campanhas de marketing direcionadas. Para isso, a análise dos diversos dados coletados pela IA precisa ser integrada às equipes e não realizada de forma segmentada por um setor de “inovação”, por exemplo.
Com essa personalização detalhada, a Accenture destaca que a IA deverá ser aplicada com capacidades multimodais que combinam texto, imagens e som simultaneamente para criar experiências mais envolventes. Essa estratégia, baseada em um estilo que replique o metaverso, conversa muito com o consumidor, novo sensorialista.
Para os três primeiros perfis de clientes, reguladores, conectores e criadores de memória, a sugestão é, abuse da IA para identificar o que a Accenture chama de “elasticidade de perdão”. Que nada mais é que entender, por meio de feedbacks, quais os sentimentos do seu cliente na jornada de compra e o quanto ele está disposto a perdoar caso não encontre informações detalhadas sobre os valores da empresa, materializando o que a Accenture chama de hiper personalização do cliente.
Assim, a Inteligência Artificial consolida o “se sentir compreendido”. E nesse movimento, a integração de realidade virtual (VR) e realidade aumentada (AR) e o uso de chatbost (como o ChatGPT), serão destaque.
3. Criatividade
Como toda ação tem uma reação, nesse movimento de ascensão da IA a tendência é que a criatividade seja posta em cheque no próximo ano.
A Accenture chama o fenômeno de Meh-diocrity. Uma menção a junção de mediocridade com criatividade. Aqui, existe a percepção de que a criatividade está sendo sufocada em favor da conveniência da IA.
O que é um problema, também é a oportunidade. Com os algoritmos moldando a produção de conteúdo, fazendo tudo parecer igual, marcas que exaltarem a criatividade humana terão um diferencial em meio à automatização. E quem destacá-la em seus produtos sairá na frente conquistando os três tipos de consumidores “menos empolgados” com os avanços tecnológicos.
Mas, calma. A ideia não é parar no tempo não. Contudo, o desafio está em equilibrar a eficiência da IA com a originalidade criativa humana, garantindo que as marcas permaneçam distintas e emocionantes para os consumidores.
E a cascata de consequências continua, com as inovações tecnológicas cada vez mais rápidas, falar sobre os perigos, desvantagens e malefícios da Inteligência Artificial será uma das tendências do próximo ano.
Cada vez mais os consumidores estão imersos nos perigos relacionados à intimidade artificial, solidão, descontrole em relação aos algoritmos, desinformação por fake news. Isso tudo gera incerteza sobre empregos e futuro, levando a um sentimento de perda de controle. Por isso, a autenticidade trazida pela criatividade humana, ganha um lugar de destaque no jogo da atenção, ao mesmo tempo que quem conseguir oferecer “segurança” em meio a tantas incertezas ganhará um lugar especial nas escolhas dos consumidores.
4. Desconstrução social
Essa tendência questiona de várias formas os caminhos convencionais da vida. Aqui tudo é questionado. Crescer, estudar, casar, ter filhos e viajar, é uma linha do tempo que não mais contempla as ambições das pessoas.
Na educação é especialmente interessante notar um movimento em que, se ampliam as contratações baseadas em habilidades em vez de credenciais acadêmicas e educação formal.
Simultaneamente, esse questionamento acontece em relação à aquisição de bens, como comprar uma casa. Aqui tanto a influência desse sentimento de disrupção, como a economia global fragilizada imprimem uma geração que não valoriza a casa própria tanto quanto antes.
É nesse contexto que entra a preocupação com a segurança social coletiva. Ampliando discussões sobre meio ambiente, e acesso a serviços básicos de saúde, renda etc.
A materialização disso na indústria é a necessidade crescente de investir em comportamentos sustentáveis, como a transição para carros elétricos. Já na moda, acompanhamos em 2023 diversas marcas de roupas de luxo anunciando investimento no mercado de “second hand”, os brechós. Além disso, o quiet luxury, reforça uma tendência de comportamento que valoriza um closet compacto, com menos roupas e mais peças coringa de alta qualidade, anunciando que, menos é mais e também é luxo.
A desconstrução social reflete o comportamento dos 4 tipos de consumidores citados acima, que, de alguma forma, esperam caminhos diferentes dos convencionais. Por isso, precisamos encontrar opções mais sustentáveis, inclusivas e façam sentido para os desafios dos dias atuais.
5. Redes sociais
Ainda que uma exaustão latente com as redes sociais seja um movimento real, o mercado aposta que as plataformas de conteúdo não irão morrer, mas algumas mudanças são necessárias para quem quer ficar.
- CONTEÚDO: Vídeos curtos continuam a crescer para o próximo ano, e tudo indica que os consumidores usarão cada vez mais as redes para de entreter e relaxar. Então, autopromoção excessiva é vista negativamente. Assim, use sua rede para promover conteúdo envolvente e entreter. Essa estratégia se mostra mais provável para ganhar engajamento. Experiências de conteúdos interativos como jogos, quizzes e narrativas imersivas estão ganhando cada vez mais popularidade
- MARKETING DE INFLUENCIADORES: Essa é uma tendência que continua a crescer com um foco maior na autenticidade e colaboração a longo prazo ao invés de patrocínios pontuais. No próximo ano, influenciadores se tornam criadores e marcas precisam dar mais liberdade criativa para o storytelling fundamentado no perfil do criador em primeiro lugar, garantindo assim, mais autenticidade.
- FOCO NA PLATAFORMA CORRETA: O relatório da Hootsuite mostra ainda que em 2024 as organizações irão focar em plataformas de alto desempenho e abandonar as menos eficazes. Por isso, avalie aquelas que fazem sentido para o seu público e para você. E para garantir que você está no caminho certo, defina o retorno sobre investimento (ROI) fundamentado em engajamento, principalmente. Além disso, monitorar o conteúdo utilizando pesquisas, enquetes e experimentação também funciona para uma análise mais qualitativa.
- INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL: Inevitavelmente, a inteligência artificial vai aparecer cada vez mais nos conteúdos nas redes. Porém, a tendência aqui é a resistência do consumidor em confiar no conteúdo. Por isso, marcas precisam se preparar para apontar com clareza e objetividade como estão e se estão usando IA. De forma prática, é legal ressaltar as políticas de regulamentação defendidas pela sua empresa, as melhores práticas em relação à tecnologia.
6. A transparência do marketing
Segundo relatório do Google apenas 3% dos consumidores se sentem no controle de seus dados online, tornando a confiança vital para a lealdade do cliente. Assim, as tendências para 2024 envolvendo marketing digital mostram que a união entre tecnologia e abordagens focadas em humanos será o norte para todas as ações.
Ou seja, da mesma forma que acontece em outras indústrias, de um lado a IA vai guiar decisões por meio de dados cada vez mais robustos sobre o consumidor e, por outro lado, conforme já falamos acima, quanto mais transparência e segurança suas ações refletirem, mais o consumidor se sentirá seguro para consumir seu produto. Por isso, invista em privacidade de dados e destaque o posicionamento da sua empresa sobre esses temas.
Mas o que fazer com tantos dados assim?
A resposta dessa pergunta leva a outra tendência de marketing que é também de branding: a hiper personalização. Ou seja, use esses dados para criar produtos e campanhas super direcionadas para aquilo que o seu cliente quer ler, consumir e ouvir. Assim, a recomendação da Google é substituir os planos de 5 anos de ação por planos menores e contínuos que possibilitam essa hiper personalização constante. Esse marketing mais honesto e feito sob medida vai de encontro com principalmente 3 dos consumidores que mencionamos acima, os reguladores, conectores e criadores de memória. Como, eles buscam por uma vida com maior equilíbrio, valorizam marcas que são transparentes e honestas em relação à responsabilidade ambiental e social e que, ao mesmo tempo, se comunique de forma mais humana e menos generalizada.
7. Furando a bolha do audiovisual
O streaming segue dominando o mercado, o aumento da produção de séries e filmes também é uma certeza, porém com o desafio de compensar a queda dos anúncios publicitários ao mesmo tempo que prioriza a diversidade de conteúdo. Segundo a Deloitte, uma solução será o aumento das opções dos planos de assinatura.
Esse crescimento contínuo do modelo de streaming globalizado, aumenta a demanda por conteúdo autêntico, o que possibilita o alcance internacional para os criadores de conteúdos de mercados emergentes, como o Brasil.
Esse movimento já aconteceu e se intensifica em 2024 com produções brasileiras “furando a bolha” do streaming, se tornando fenômenos mundiais enquanto ocupam os 10 primeiros lugares de maior reprodução das plataformas. Caso recente da série “DNA do Crime” da Netflix
8. Streaming rastreável
Respondendo uma demanda da última greve em Hollywood, o conceito de blockchain aparece no entretenimento para anunciar que o registro de conteúdo nas plataformas será público e imutável, facilitando o controle quantitativo de exibição.
Esse novo conceito tem o potencial de transformar a indústria, oferecendo uma distribuição de conteúdo mais transparente e garantindo compensação justa para seus criadores e produtores.
Por fim, o entretenimento sustentável sinaliza uma indústria que deverá adotar práticas mais econômicas durante a produção e distribuição. Isso significa, repensar lançamento, adereços, figurinos etc. para diminuir a pegada de carbono, incluindo energias renováveis e reciclagem, por exemplo.
9. Esportes e games
Uma indústria que apareceu diversas vezes em ascensão é a dos esportes. Seja no entretenimento, com o crescimento dos canais de esporte nas plataformas de streaming e em Hollywood, Seja na indústria de games, com o crescente espaço dos jogos online nas plataformas digitais, essa industria não para de crescer e gerar lucros.
Em 2024 essa tendência ganha força com a criação de jogos de realidade aumentada e a Inteligência Artificial entra com tudo para proporcionar recomendações personalizadas e experiências imersivas de jogos e filmes.
O ponto de atenção é que na busca por aumentar a imersão e a interatividade, as plataformas estão permitindo que usuários criem seus próprios jogo, utilizando Inteligência Artificial Generativa.
Por um lado, isso gera conteúdo de alta qualidade, extremamente conectado com o público. De outro, afeta a dinâmica dos criadores de jogos oficiais.
10. De olho na geração Alfa
Por último, mas não menos importante, os relatórios de mercado já estão olhando para o comportamento da geração alfa apontando possíveis tendências para 2024.
As descobertas são:
- Anime
O gênero é numero 1 para as crianças de 6 a 12 anos. Há uma dominação global do anime, e a adaptação local desse conteúdo pode impulsionar ainda mais seu crescimento.
- Renascimento dos cinemas
Como ressaca da pandemia, o número de crianças de 10 a 15 anos frequentando o cinema mais de uma vez por mês aumentou em 65% desde maio de 2021, criando novas oportunidades para o desenvolvimento de propriedades cinematográficas.
- Preferência por Plataformas Online
Crianças preferem plataformas online em comparação com a TV linear. O YouTube vem em primeiro lugar com a preferência de 48% das crianças de 10 a 18 anos, seguido pela Netflix com 28%. No entanto, a TV linear ainda é o local mais provável para as crianças assistirem a anúncios.
Resumo da ópera
As tendências de 2024 apontam que o uso da Inteligência Artificial será protagonista em todas as indústrias. Porém, os consumidores estão atentos e bem informados. Por isso, é necessário que as marcas construam uma relação mais autentica com os clientes investindo em UX, feedbacks e branding, qualquer que seja a ação escolhida, considere sempre em primeiro lugar os valores do seu público, a experiência personalizada e qual será a comunicação mais efetiva para que ele se sinta seguro em relação ao futuro.
Beijos da Be.