Acompanhe conosco como a autenticidade é fundamental para encontrar o equilíbrio na hora de se posicionar sobre pautas importantes e como entender a importância de que você não precisa ter opinião sobre tudo nas redes sociais.
Vocês também sentiram que nesse fim de ano tudo o que queríamos era dar um tempo das redes sociais? Quem pôde fazê-lo, passou muito bem, obrigada!
Um dos aspectos responsáveis pelo movimento a favor do “fim das redes sociais“, como já falamos por aqui outras vezes, é a necessidade de posicionamento constante. Após consolidada em nossa rotina, as mil possibilidades das redes trazem oportunidade e responsabilidade. Postar o seu natal ou a viagem de final de ano já deixou de ser algo inofensivo e hoje carrega tanto significado que pensar o que postar pode levar horas de questionamento preenchidos por uma autoanálise exaustiva. Bem diferente das polaroides e fotos analógicas, onde tínhamos poucas chances de acertar o click e justamente por isso, não haviam dúvidas de qual momento merecia ter o tempo congelado para ser recordado. Saudades, né?
As tendências 2024 que compartilhamos com vocês alertam que é hora de marcas e pessoas reescreverem algumas linhas dessa história. Exaustos de desinformação e estimulação em excesso, neste ano vamos identificar os caminhos que não estão fazendo tanto sentido para reencontrar aqueles que combinam com nossa evolução como comunidade humana. E nesse processo a dica de ouro é, você não precisa ter opinião sobre tudo! Um equilíbrio entre ser leve e respeitar seus valores precisa ser considerado, ainda que você não agrade a todos e esteja sujeito a uma ofensa de quem não respeita as diferentes maneiras de ser.
Acompanhe conosco os pilares para se posicionar melhor e caminhar em uma internet mais significativa em 2024.
Autenticidade não é agir sem pensar e nem pensar em tudo antes de agir
O que seria de nós sem os nossos erros? Perder o medo de errar é garantia de boas histórias e aprendizados para aqueles que entenderam que a jornada da vida é sobre ter rumo e não pressa. Hoje as melhores palestras, peças, filmes e músicas, são justamente aquelas que abraçam os erros que lhe aconteceram e os revestiram de um bom storytelling. Mas não é só sobre isso. É preciso genuinidade para fugir do ridículo de querer forçar uma narrativa de superação e vulnerabilidades para de fato engajar em uma história real, que valha a pena ser contada.
Ao tentar criar um perfil autêntico, é preciso equilíbrio. Não tem caminho da perfeição, não tem rotina que consiga ser realizada todos os dias do ano, não tem caráter que não falhe, não existe comportamento perfeito, afinal personagem bom, é aquele cheio de contradições e camadas, aspectos que ressoam com aquilo que é genuinamente humano. Por outro lado, fazer das redes uma espécie de diário íntimo recheado de compartilhamentos plásticos e sem propósito resulta nesse mar de nada tão comum hoje em dia.
Para se ter equilíbrio na internet, é preciso compartilhar com intenção, sim, mas não engessado. Aqui vão algumas dicas para se posicionar com mais eficácia nas redes sociais:
Como se posicionar nas redes
- Antes de postar, pense: isso realmente me representa, vai de encontro com o meu foco e meus valores?
- O momento é adequado?
- Como isso que vou postar pode ser relevante para alguém (traz alegria, inspiração, ensina algo, é útil?) A certeza do objetivo da sua postagem é o que vai justificá-la.
- Não tenha medo da opinião alheia, precisamos aprender a conviver com a diversidade.
- Se quiser opinar, busque conhecimento e se aprofunde sobre os fatos e dados do assunto para que seu posicionamento conte com argumentos fortes caso seja questionado. E ainda que você tenha muito conhecimento sobre um assunto, é importante estabelecer um espaço para o diálogo. Afinal, redes sociais são sobre conversas.
- Não se posicionar também é um posicionamento, principalmente se não for sobre um assunto do qual você domina, demonstra humildade.
- Cuide do tom de voz que você usa, ele precisa estar alinhado com você.
- Escuta, tolerância, compreensão para buscar construir consenso. Divergir é muito fácil, convergir exige esforço e por isso uma marca forte deve ser exemplo.
- Controle a sua vaidade. A sua agressividade é apenas o retrato mais triste do seu ser, por isso busque somar ao diálogo com ideias que construam.
- Se errar, peça desculpas, sempre.
Entendendo o “Do’s and Don’ts” do posicionamento de uma marca
O “Do’s and Don’ts” no contexto do posicionamento de uma marca são diretrizes que indicam o que uma marca deve fazer e o que deve evitar para estabelecer e manter uma posição forte. Fazer a escolha certa é crucial para limitar como a marca será percebida pelo seu consumidor em relação à concorrência. Então, acompanhe as diretrizes para surfar nas trends sem se afogar, ou apenas ignorar o comportamento de manada para se preservar.
Don’ts
1. Você não é todo mundo
A frase ouvida pelas crianças mundo afora para justificar o “não” é também um insight poderoso para construir o diferencial do seu storytelling. Talvez, aquele conceito ou ideia que te impossibilita de fazer algo, seja exatamente o que te colocará à frente do seu concorrente.
Com ascensão das redes sociais como palco ininterrupto para discussões políticas, econômicas, sociais, é importante ressaltar que sua marca não precisa ter opinião sobre tudo. O imediatismo das publicações nas mídias sociais pode fazer parecer que tudo é uma boa história quando, na verdade, parte de um bom posicionamento incluí não se posicionar.
Quando sua marca tenta aproveitar o hype, pode ter a mensagem principal enfraquecida e confundir o consumidor, o que é contraproducente. Em vez disso, ao escolher um tema polêmico, social ou político, concentre-se em áreas em que têm conhecimento. Isso impõe limites, preserva sua energia, economiza seu tempo e faz com que você fale menos.
2. Greenwashing
Simultaneamente, quando escolher se posicionar sobre algo, certifique-se de que tudo o que você diz sobre sua empresa é crível, há dados e fatos que justifique. Pois, o mercado está de olho em empresas que praticam greenwashing. O termo ascendeu no último ano para apontar aquelas marcas que se apropriam de uma narrativa por justiça social, mas, na prática, não alteram procedimentos básicos na empresa relacionados aquela pauta.
Pela fiscalização massiva por parte dos consumidores, algumas empresas estão reconsiderando usar o marketing com propósito como estratégia de engajamento. Isso por que, por vezes o risco dos clientes não se conectarem emocionalmente e não confiarem no que é dito, não compensa.
O CEO da Unilever, por exemplo, disse ao Finacial Times que “nem toda marca precisa ter um propósito ambiental ou social”. E ainda que a Dove, uma das marcas que é o carro chefe do grupo, tenha encontrado no tema “padrões de beleza” o caminho para se destacar de outros sabonetes e não vá deixar de levantar a bandeira, esse não será o caminho para todas as marcas do grupo.
DO’s
- Entenda seu público-alvo:
Conhecer bem o público-alvo garante uma mensagem de marca eficaz. Assim, ao compreender as necessidades, valores e preferências dos consumidores você ajusta suas ações de marketing para estar de acordo.
- Identidade visual
Outro elemento importantíssimo que conversa instantaneamente com seu cliente é sua identidade visual. O design gráfico e a identidade visual desempenham um papel crucial na percepção da marca. Cores, logotipos e outros elementos visuais devem ser escolhidos com cuidado para transmitir a mensagem desejada.
- Seja consistente
Como já falamos acima, você pode até mudar seu posicionamento, mas deve encontrar uma direção-geral para sua marca. As pessoas não saberão quais são as bandeiras levantadas pela sua marca se você mudar constantemente. Escolhe um norte principal das causas que fazem sentido seu negócio se posicionar e siga esse fio condutor.
Tilda Swinton e a arte de se manter relevante
Nascida em Londres, Tilda Swinton tem 37 anos de carreira como atriz e atualmente também é produtora. Reconhecida pelo New Yortk Times como uma das melhores atrizes do século 21, Tilda compartilhou sua visão sobre sucesso no SXSW de 2023. Para ela, o segredo do sucesso está em reconhecer a felicidade no que há de essencial na vida, apostando em um posicionamento flexível.
Não é sobre o que todo mundo faz e sim para onde seus valores estão apontando
Na escolha de seus papéis, por exemplo, Tilda destaca que não escolhe ou deixa de escolhê-los. Mesmo assim, em entrevistas ela demonstra que seu trabalho é fortemente direcionado por relações pessoais, colaboração, descontração, e uma busca contínua por expressão artística e exploração de identidade.
Nao é sobre quantidade e sim qualidade
Swinton destaca que passa a maior parte do tempo desenvolvendo projetos de forma mais independente, sentada em torno da mesa da cozinha com amigos e discutindo ideias. Mesmo que os filmes levem anos para ser concluídos, ela está mais interessada no processo criativo e na colaboração do que em aderir a convenções tradicionais da indústria cinematográfica. Assim, se considera um peixe fora d’água quando o assunto é “ser atriz de Hollywood”. Pois seu estilo de trabalho não contempla o posicionamento usual desse público.
Não é sobre aparentar ou inventar, mas falar da sua verdade.
Ainda que tenha atingido altos padrões sociais de sucesso, ela defende que nossos sonhos de vida precisam incluir valor às coisas simples e é importante estarmos preparados para mudá-los para poder transitar pela vida mais tranquilamente. A atriz também acredita na flexibilidade da identidade. Não se apegar a rótulos é outra forma de facilitar a resolução dos dilemas da vida. Para ela, só um posicionamento que abraça a mudança consegue dar conta de todas as coisas interessantes que o mundo pode oferecer.
- Leia mais: Tendências 2024
O seu posicionamento vai incomodar alguém: veja como marcas lidam com isso
Seja deixando de falar sobre um assunto, ou levantando a bandeira de outro, seu posicionamento não vai agradar a todos, e está tudo bem.
Por isso, ter um planejamento de branding, ajuda a entender quem você é e se manter coerente na hora que o posicionamento se faz indispensável. Posicionamento é sobre conhecer muito bem as suas forças em relação a seus competidores e maximizar as suas oportunidades para competir nos seus termos. Confira alguns casos de marcas que mesmo cientes dos riscos escolheram se posicionar.
Paola Oliveira
Esta não foi a primeira vez neste ano que a atriz saiu em defesa do direito de mostrar o corpo natural nas redes. Após ser criticada pela sua forma física, a atriz pontuou em um vídeo que tem escolhido se pronunciar sobre o tema. Como a crítica não é sobre ela, mas sim sobre uma estrutura social que se reforça com os anos de opressão ao corpo feminino, ela percebe que sua manifestação pública cria um lugar de identificação. Desta forma, ela também participa de uma reflexão coletiva para que as pessoas aprendam sobre quando dar opinião sobre o corpo dos outros.
Budlight
Em maio de 2023 a marca de cerveja Bud Light escolheu a influenciadora transexual Dylan Mulvaney como garota propaganda da sua campanha para levantar a bandeira da causa LGBTQA+. Duramente criticada por sua audiência, formada principalmente por homens conservadores, a campanha repercutiu diversos debates sobre qual seria a forma correta de fazer brand activism. O objetivo era alavancar a marca em grandes centros urbanos, porém, o resultado foi a queda nas vendas, nas ações, boicote dos consumidores e a demissão de executivos.
Neste caso, para fazer a disrupção em meio a uma guerra cultural e política tão latente, é preciso envolver o público nos questionamentos gradualmente, reeducá-los e principalmente, medir suas reações.
Stella Atrois
Em abril de 2023, a campanha Unconfortable Food, uma parceria entre Stella Atrois e Juntas na mesa, chamou atenção para a falta de mulheres nas premiações de grandes restaurantes. Enquanto 96% das cozinhas são comandadas por mulheres, apenas 7% dos restaurantes premiados são comandados por elas. Mesmo com um produto “originalmente” acostumado a fazer campanhas voltadas para o sexo masculino, a marca de cerveja acertou em cheio, e levou um leão de bronze em Cannes.
Seletividade é indispensável
Quando não falamos por nós, alguém fala, quando não estamos conscientes dos nossos posicionamentos, as atitudes denunciam, quando não pensamos antes é o ímpeto que comunica.
Por isso, seja na hora de direcionar suas escolhas pessoais ou as ações de comunicação para sua marca, é necessário ser seletivo nas escolhas de posicionamento, evitando que a pressão dos outros ou a sorte determine quem você é. Você não precisa ter opinião sobre tudo.
Uma presença bem sucedida não acontece sem intenção, sem estratégia. Assim, se posicionar de forma consciente diante do mundo, na vida real e principalmente online, faz da sua marca mais forte, reafirma seus valores e enriquece não só a você, mas a toda sua comunidade.
Beijos da Be.