Descubra como a Inteligência Artificial está redefinindo a produção de conteúdo, seu impacto nas redes sociais e como está em nossas mãos peservar nosso controle sobre as narrativas sociais.

O economista do banco Goldman Sachs, Peter C Oppenheimer, afirmou que o próximo ciclo de expansão econômica mundial terá como linha de frente dois fatores principais: inteligência artificial e a descarbonização. Segundo Peter, a preparação para o futuro é traçar paralelos com ciclos econômicos e inovações do passado. Esse também é o pensamento do historiador Yuval Harari, que defende o estudo da história da humanidade como meio para entender como as coisas mudam e aprender com os “erros” passados a construir um futuro melhor. Nesse sentido, ainda que o avanço descontrolado da Inteligência Artificial possa ameaçar a humanidade, cabe às mãos humanas reunir o conhecimento necessário para usar as ferramentas para o melhor. Para nós, produtores de conteúdo, o ponto de partida, tanto para Peter, quanto para Harari, é assumir que da mesma forma que a internet revolucionou o consumo de informação, é esperado que a Inteligência Artificial faça o mesmo com as possibilidades de criação de conteúdo.

No artigo desta semana, abordamos as principais movimentações sociais e do mercado envolvendo IA. A partir disso podemos explorar as oportunidades da melhor  forma, aprimorar nossa produção de conteúdo e entender o papel da tecnologia no crescente debate sobre o fim das redes sociais.

IA e suas influências na sociedade

Segundo o historiador Yuval Harari, a evolução humana é baseada em histórias de ficção que contamos para nós mesmos e para os outros ao longo dos anos. Essas histórias fundamentaram valores, ética e comportamentos viáveis para a vida em comunidade. Para ele, o maior perigo em relação ao avanço da IA é justamente que o poder de contar essas histórias saia do crivo humano e seja transferido para uma Inteligência Arftificial, que descarta as subjetividades do sentir.

Sabendo que uma das finalidades dessas histórias entender nossas dualidades e amenizar nossas questões existenciais, abdicar dessa construção para que a IA seja criadora das narrativas,  pode abrir espaço para criações de histórias e conceitos que não entenderemos. Mas ainda assim seremos obrigados a absorver (sabe aquele sentimento de inadequação a uma trend?). Desta forma, seriamos manipulados e comandados pela Inteligência artificial.

Yuval defende que a solução está em usar as ferramentas com cautela, considerando primeiro os desdobramentos ruins que suas facilidades podem gerar e aí, sim, os colocando frente aos benefícios da inovação.

Como a IA colabora com a reinvenção das redes sociais

Pode até parecer que o uso da Inteligência Artificial só colabora para a decadência das redes sociais. Afinal, o aprendizado dos algoritmos, coberto de vieses, deixa os consumidores receosos sobre a credibilidade da informação e a intenção daquilo que nos é apresentado do feed.

Mas, aquela ideia de que a oportunidade mora no problema também se aplica por aqui e marcas dispostas a utilizar a Inteligência Artificial para aumentar a confiabilidade e segurança dos consumidores durante a experiência online sairão na frente.

Conforme mostramos por aqui, dentro das tendências para o ano de 2024, a inteligência Artificial e a experiência do cliente devem estar no centro para guiar qualquer decisão de negócio. Ou seja, o caminho de inovação está em explorar as funcionalidades da Inteligência Artificial para reconstruir uma rede social mais atrativa e segura para todos. Acompanhe como isso acontece na prática.

1. Branding

Marcas com uma identidade bem definida desfrutam de uma relação mais autêntica com seus consumidores. Nesse processo, a preocupação em exaltar valores coerentes, que fundamenta o branding, também resulta em mais honestidade com os consumidores. Resultado, eles se sentem mais seguros ao se relacionar com aquela marca.

Assim, marcas com uma estratégia de branding sólida poderão usar as ferramentas de IA aproveitando otimização de tempo na produção, de forma mais segura, sem afetar a experiência do usuário. Preservando tom de voz, identidade visual e principalmente os valores que conduzem as estratégias de comunicação.

2. Caça as fake news

Cada vez mais os consumidores estão imersos nos perigos relacionados à intimidade  artificial, solidão, descontrole em relação aos algoritmos e desinformação por fake news. Assim, ao mesmo tempo que a IA pode criar Fake News, ela pode ser a ferramenta capaz de desmascarar o que é falso. Em outubro (2023), por exemplo, o Google anunciou um recurso para ajudar aos usuários pesquisar e identificar quando uma imagem foi criada por uma Inteligência Artificial ou não.

Empresas como Facebook, Twitter e Instagram já usam ferramentas de IA e processamento de linguagem para combater a desinformação, avaliando a credibilidade de uma publicação. O julgamento pode variar conforme aspectos de origem da informação (usuário), da rede utilizada e a partir do próprio conteúdo. 

3. Promover diversidade

Para tal, o primeiro passo é garantir que o desenvolvimento de qualquer ferramenta de IA oriente-se por humanos especialistas no assunto. São eles que ensinarão o sistema a ser inclusivo.

Especificamente para redes corporativas, como Linkedin, um artigo do MIT Sloan ressalta que já existem ferramentas, como Textio, que ajudam a identificar e reduzir preconceitos em um texto. Enquanto isso, algoritmos como os da Mya analisam as contratações para identificar possíveis vieses.

Ferramentas para criação de conteúdo

Conforme compartilhamos em nossa primeira newsletter do ano, a materialização das ferramentas de Inteligência Artificial já são realidades na rotina de trabalho de diversas áreas. Nesse mesmo embalo, a Microsoft anunciou na semana passada a introdução de um botão exclusivo para IA em seus teclados. A inovação é muito relevante, pois demonstra os planos da empresa de incentivar e formalizar as funcionalidades de IA oferecidas pela empresa.

Para quem trabalha com produção de conteúdo a inovação é promissora. Já imaginou, com apenas um toque no seu teclado, um leque de funcionalidades envolvendo IA se abrirá na sua frente. Acompanhe conosco as últimas ferramentas do mercado que podem estar na sua rotina em breve.

1. OwlyWriter

O OwlyWriter é uma ferramenta da Hootsuite, empresa especializada em gestão de marcas nas mídias sociais. Baseado na tecnologia do Chat GPT, o programa produz legendas e ideias de copy e posts para todas as redes sociais. O diferencial é que as sugestões resultam de um banco de dados com 14 anos de pesquisa e conhecimento adquirido pela Hootsuite. 

A proposta aqui é que você incite sua criatividade em momentos de bloqueio criativo, otimize suas correções e economize horas de trabalho quando necessário. Uma das funcionalidades do app permite identificar e reutilizar suas postagens de melhor desempenho.

Ainda que a ferramenta permita gerar textos com tom de voz especifico, baseado em links e palavras-chave, é importante manter um olhar humano sobre o resultado da produção. Por isso, analise as sugestões com um olhar crítico e se questione se o resultado condiz com seu objetivo. A ferramenta é gratuita por tempo limitado para todos os usuários do Hootsuite. 

2. Podcastle

Essa ferramenta permite a edição de voz e vídeo de forma simples para quem quer começar a compartilhar informações no formato de Podcast. Boa parte das funcionalidades do programa são para facilitar o trato de todos os aspectos envolvendo áudio, como cortes, transições e garantindo principalmente a alta qualidade dos arquivos de áudio. Como é um serviço segmentado, a proposta do Podcastle empodera e fundamenta aqueles que estão no início de um projeto de lançamento de um Podcast.

3. Murf

Essa ferramenta permite a criação de vozes reais e humanas para ler independentemente do conteúdo que você criou. Como o banco de dados da Murf é fundamentado em vozes de pessoas reais, o resultado das produções é impecável. São 20 idiomas disponíveis e é possível clonar sua própria voz.

4. Content Gems

Essa ferramenta ajuda a rastrear tópicos que façam sentido para o seu negócio e encontrar quais são os trends tópicos do momento. Além disso, o programa ajuda na curadoria de conteúdo tendo como base os conteúdos já criados na sua plataforma. Desta forma, cruzando informações disponíveis na web com suas criações, é possível fortalecer inspirações e insights para suas futuras produções.

Inteligência Artificial e a Experiência do cliente

Um dos principais usos da Inteligência Artificial será para aprimorar a experiência do cliente. Considerando esforços específicos para cada tipo de consumidor, reguladores, conectores, criadores de memórias e novos sensorialistas.

Por meio da IA, as marcas compreenderão melhor com quem estão falando e usarão essa compreensão para criar produtos, personalizar experiências, desde recomendação de conteúdo até campanhas de marketing direcionadas. Para isso, a análise dos diversos dados coletados pela IA precisa ser integrada às equipes e não realizada de forma segmentada por um setor de “inovação”, por exemplo.

Também nesse escopo de experiência do cliente está a aplicação das funcionalidades da IA para sustentar campanhas e produções que combinam texto, imagens e som simultaneament. O resultado, baseado em um estilo que replique o metaverso com experiências mais envolventes, conversa muito com o consumidor novo sensorialista. 

Já para os três primeiros perfis de clientes, reguladores, conectores e criadores de memória, a sugestão é, abuse da IA para entender, por meio de feedbacks, quais os sentimentos do seu cliente na jornada de compra. Além disso, o quanto ele está disposto a perdoar caso não encontre informações detalhadas sobre os valores da empresa.

Durante o evento “Innovation Festival Brasil 2023” Pedro Borges, da Work & Co, disse que a inteligência artificial generativa atuará principalmente na hiper personalização da experiência do cliente. Fazendo com que a troca com as ferramentas se aproxime cada vez mais de relacionamentos reais. Assim, a Inteligência Artificial consolida o “se sentir compreendido” tão necessário para conexão emocional com o consumidor.

IA nos ensina que o futuro está em nossa humanidade 

Em meio a tantas inovações, fica claro que as pessoas devem se preparar para um futuro cada vez mais impulsionado pela IA, porém imprevisível. Nem historiadores com trabalho sólido como Yuval Harari se aventuram em prever o que o futuro nos reserva quando o assunto é Inteligência Artificial. Harari ressalta que a IA é tão disruptiva, que mesmo se compararmos as inovações do passado é impossível prever o que pode acontecer se conectarmos cérebros humanos a um computador. 

Assim, o único caminho para aproveitar as capacidades da IA passa por cada humano que precisa assumir a responsabilidade e comprometimento com os possíveis desafios. Para isso, Harari pontua necessário priorizar habilidades humanas e o interesse comum, que ele chama de “valores universais”, reforçando compromissos éticos e de segurança. 

O caminho a seguir envolve uma colaboração eficaz entre a inteligência artificial e a criatividade humana, maximizando o potencial dessa revolução tecnológica. Mas, principalmente a cooperação e não competição entre humanos e suas nações, somente o ritmo de união poderá construir uma tecnologia segura.

Beijos da Be.